sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Parte de um relato de um sobrevivente da bomba atomica + um poema sobre o mesmo:

“Encontrei uma fila infindável de refugiados, todos sem qualquer peça de roupa no corpo e a pele do rosto, dos braços e do peito fora arrancada e estava pendurada e, contudo, eles não tinham qualquer expressão. Fugiam em silencio profundo. Achei que era uma procissão de fantasmas.”

Procissão de Fantasmas

A dor era tanta, tamanha dor
Que era impossível expressar
Mesmo que fosse
Eu não tinha mais cara
Minha expressão era vazia
Tamanha era a agonia
Levaram-me
A pele
A carne
Assim como meus sentimentos
Que agora não mais podia demonstrar
Do olho quase cego, lágrima e sangue
Desciam-me à face misturando-se em meu peito nu
Não sabia se era pior ouvir o zumbido ensurdecedor
Ainda ecoando em meus ouvidos
Ou o pranto seco,fraco e abafado de tantos outros
Fantasmas como eu.

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